Motoristas mulheres da Uber poderão aceitar apenas passageiras
De olho em ampliar presença feminina na frota, hoje em 6%, empresa lança novo recurso e campanha de educação financeira. #Elasnadireção começa em novembro
Por Rafael Gregorio, Valor Investe — São Paulo
Unsplash
As motoristas mulheres da Uber poderão aceitar viagens apenas de passageiras também mulheres.
A empresa anunciou que o aplicativo passará a ter um botão – batizado de U-Elas – que poderá ser acionado e desligado a qualquer momento e sem custos adicionais para mostrar apenas pedidos feitos por usuárias, segundo a Uber.
A ideia é aumentar a sensação de segurança das motoristas, de olho em tornar o serviço mais convidativo para elas.
A novidade começa em novembro, em modo de teste, em Campinas (SP), Curitiba (PR) e Fortaleza (CE).
E o pano de fundo é a intenção da companhia de ampliar a reduzida proporção feminina na frota.
O recurso U-Elas permitirá a motoristas mulheres da Uber aceitarem chamados apenas de passageiras — Foto: Divulgação
Atualmente, dos cerca de 600 mil motoristas cadastrados, só 6% são mulheres, segundo a empresa – número muito menor que os 42% de mulheres na força de trabalho do país, segundo dados do IBGE.
E, no futuro, a ideia é ir além e permitir que as passageiras também possam acionar apenas motoristas mulheres, segundo Claudia Woods, diretora-geral da Uber no Brasil.
As novidades foram anunciadas pela empresa nesta quinta-feira (24), em São Paulo, e são o chamariz de uma campanha de educação financeira para mulheres chamada #elasnadireção.
A iniciativa é uma parceria da Uber com a Rede Mulher Empreendedora (RME), que desde 2009 promove ações para capacitar mulheres em situação de vulnerabilidade social e combater a desigualdade de gênero.
“As mulheres estão empreendendo mais, é um movimento que não tem volta. Em São Paulo, 52% dos CNPJs são de mulheres. O que precisamos é de iniciativas para ajuda-las a gerar renda e negócios”, afirmou Ana Fontes, fundadora da RME.
Ela completa: “Quando você dá independência financeira para a mulher, você rompe o ciclo da violência”.
Segundo dados da entidade, embora 38% das mulheres que empreendem tenham no negócio o principal sustento de suas famílias; só 34% delas se sentem capazes de realizar planejamentos de negócios (contra 50% entre os homens), e apenas 28% se dizem seguras para tomar decisões financeiras (contra 47% entre os homens).
“Como consequência, temos inúmeros casos de mulheres que tiveram problemas financeiros porque delegaram decisões a outra pessoa, normalmente um homem, normalmente o parceiro”, completou Ana.
A campanha inclui medidas como:
- parceria com a locadora Localiza para oferecer condições exclusivas de acesso a carros nas três cidades-piloto do projeto, como preços inferiores de aluguéis e não-exigência de cartão de crédito;
- disponibilização de atendentes mulheres para o suporte técnico nos diversos canais da Uber, ao encontro, segundo a Uber, de um desejo manifestado pelas motoristas de poderem tirar dúvidas com mulheres;
- palestras e cursos online sobre empoderamento e educação financeira, com curadoria da RME e da economista Gabriela Mendes, com “pílulas de conteúdo disponibilizadas no YouTube e no WhatsApp”, segundo Claudia;
- “renda mínima” nas cidades-pilotos: “Estamos garantindo entre R$ 1.500 e R$ 1.600 nas primeiras cem viagens das novas motoristas mulheres”, explicou.
Segundo a diretora-geral no Brasil, as medidas visam atingir um objetivo final ainda mais customizado.
“Vocês devem estar se perguntando: e quando as usuárias vão poder escolher também só chamar motoristas mulheres? Esse é nosso objetivo final, mas não dá para atingi-lo com apenas 6% de motoristas mulheres."
fonte: valor economico
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